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Ambiente
A BORBOLETA-AZUL-DAS-TURFEIRAS

A BORBOLETA-AZUL-DAS-TURFEIRAS

A borboleta-azul-das-turfeiras, Phengaris alcon é uma espécie frágil e pouco tolerante a modificações do ecossistema, necessitando de condições ecológicas específicas para sobreviver

01 de Fevereiro de 2010

A borboleta-azul-das-turfeiras, Phengaris alcon é uma espécie frágil e pouco tolerante a modificações do ecossistema, necessitando de condições ecológicas específicas para sobreviver. Esta borboleta deposita os seus ovos numa planta específica do género Gentiana. Em Portugal, a fêmea coloca os ovos na genciana-de-turfeiras (Gentiana pneumonanthe) em meados de Julho. Os ovos demoram alguns dias a eclodir e as recém-nascidas lagartas perfuram o botão floral da planta para se alimentarem do seu interior até atingirem o 4º instar de desenvolvimento. Nessa altura, as lagartas abandonam a planta e cai em para o solo onde ficam a aguardar até serem encontradas por formigas do género Myrmica. Este encontro entre lagartas e formigas é promovido pelos químicos superficiais (alomonas) emitidos pelas lagartas de forma a fazerem-se passar por larvas das formigas e serem transportadas pelas mesmas para os seus ninhos, onde são alimentadas e cuidadas até a lagarta estar totalmente desenvolvida e transformar-se em pupa. Quando o adulto emerge ainda dentro do ninho, este tem de empreender uma fuga para o exterior no menor tempo possível de maneira a evitar ser reconhecida pelas formigas como um intruso.

Em Portugal, as populações conhecidas estão localizadas no Norte do país, em poucos locais dessa região, sendo o Parque Natural do Alvão (PNA) o local onde existe o maior polo populacional.

O município de Vila Real, em conjunto com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e com outras entidades com interesse na área da conservação e preservação da espécie em causa, tem desenvolvido ao longo da última década um longo trabalho de investigação com intuito de reunir informação relativa aos núcleos populacionais localizados no PNA.

Foi assim possível delinear e desenvolver uma série de intervenções no campo dedicadas à preservação desta espécie, nomeadamente o estudo de aspetos da sua bioecologia (identificação das espécies de formiga hospedeira, a caracterização da estrutura das populações, estudo dos movimentos e dispersão de voo dos adultos, mecanismos de gestão existentes e seus efeitos na conservação desta espécie, avaliação da qualidade do habitat).

Os resultados destes trabalhos tem sido de extrema importância para o conhecimento destas populações. Um exemplo foi a descoberta da utilização da Myrmica aloba como a espécie cuco pelas populações da borboleta azul localizadas no PNA foi inédita para a ciência.

Fotos do Caso de Estudo

A BORBOLETA-AZUL-DAS-TURFEIRAS
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